Entrevista o Artista Plástico Wander Marcilio – WM Atelier

Entrevista o Artista Plástico Wander Marcilio – WM Atelier

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Entrevista o Artista Plástico Wander Marcilio – WM Atelier

-O que você entende de economia criativa ou da cultura?

WM - É a capacidade de transformação de criatividade em produtos, idéias, que possibilitem a geração de renda por parte de cada ser criador e possa também gerar oportunidade para que comunidades, associações, cooperativas, cidades possam se desenvolver e com isso gerar emprego e o bem estar a elas.
Idéias voltadas para os bens culturais surgem de uma capacidade de criação e isso pode transformar uma região. Exemplo disso é o artesanato em que cidades inteiras se dedicam a criar peças que são vendidas em cidades maiores, gerando emprego e renda permitindo assim que a qualidade de vida desta região cresça


WM- Desde que iniciei com a ceramica já falava sobre a forma primitiva em que fazia as peças e como se dava o resultado. O trabalho com os quatro elementos da natureza (terra, fogo, água e ar) me deixava entusiasmado, pois nunca se sabe o resultado de uma peça que está no forno, é sempre uma incógnita. Hoje sem dúvida alguma falo que não tenho mais um trabalho e sim um prazer enorme com ele. Com total certeza, hoje vejo isto, meu trabalho é muito inspirado na arte africana, nos ancestrais, na indumentária, nos escudos, tudo me remete ao meu trabalho e olhe que fazia isto sem ter uma fonte de busca e sim instintivamente. Quando olha algo que fiz há alguns anos atrás e vejo quanto era similar a peças que hoje eu vejo de origem africana, me pergunto como se deu isso. . .
-O que o levou a ser ceramista, e porque biojoias e decoração?

WM- Foi uma materia- prima que surgiu na minha vida meio que sem muitas pretenções, pois eu trabalhava no sistema e era somente uma forma lúdica de externar minhas emoções. Daí a medida em que ia brincando com a argila, ela se transformava em objeto de desejo, contornos, formas e desenhos se misturando com a assimetria das peças que era o que eu mais gostava. Primeiro veio a bijouteria, que era a forma mais simples de eu transformar a argila e daí aquela mistura com o fogo que sempre me seduziu. Com o passar do tempo e a experiencia com a transformação dos materiais, fui desenvolvendo o trabalho passando assim a construção do meu próprio estilo, com execução de obras que até entitulava. Sempre na busca por materiais para agregar valor a ceramica, as peças foram se transformando em biojóias, cuja idéia era fazer com que as pessoas que as usassem, pudessem sentir até a impressão de estar usando uma obra de arte. Há alguns anos enveredei por novas perspectivas, abordando temáticas usuais ao trabalho e assim surgiram as peças utilitárias e decorativas sempre buscando do primitivo ao contemporâneo e hoje estas peças vão tanto da biojóia, à pratos utilitários, à decoração de ambientes e exteriores, passando por elementos de pura subjetividade.
-Cidades nas quais já expos?
WM.- Meus trabalhos ja foram expostos tanto em Minas em cidades como Belo Horizonte, Tiradentes, Ouro Preto, São João del Rey, etc., quanto noutros estados em feiras e coletivas tipo Rio de Janeiro, São Paulo, Angra dos Reis, Maceió, Aracaju, Fortaleza, Florianópolis. . .  Nos países por onde passei constam exposições e eventos em Munique, Zurick, Buenos Ayres, Córdoba, Oslo, Moldee.
-A distribuição se dá como?
WM- Com relação a arte em geral o Brasil ainda está muito aquém de alguns países onde este setor é muito mais valorizado e os investimentos fazem com que o artista seja reconhecido pelo talento, não pelo nome. Vejo que com a entrada de materiais oriundos de países de mão de obra quase escrava, está acontecendo um fenômeno quase planetário, que vai desde o artesanato onde países como Bolivia, Peru, Indonésia, Bali, China exportam para muitos países toda gama de produtos que fazem com que o setor de produção, quase desapareça. É o caso da Feira de Artesanato de Belo Horizonte, do Rio em Ipanema para não sitar outras em que o artesão hoje quase não produz mais e sim fica a merce de revender trabalhos e ou alugar seus espaços para quem revende. É um pesar ver isto acontecer ainda mais pra quem tem a convicção de viver de seu trabalho de produção própria. Em países em que expuz é claro o interesse por peças feitas artesanalmente e quando voce fala que é brasileiro o olhar é muito especial e falam que os melhores artistas são os de nosso país. Eles teem politicas bem claras com relação às artes e aos artistas, mas não posso falar de uma totalidade de países e sim em alguns em que eu andei.
-A distribuição se dá como?
WM- Depois de 22 anos trabalhando e vendendo em feiras, eventos, hoje toda minha produção é vendida em lojas de Paraty, Ilha Grande, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e uma pousada em Ilha Grande. Há grandes eventos também em que vou pessoalmente, pois me faz muito bem o contato direto com o público e ver o nos olhos das pessoas a resposta de toda a possibilidade do meu trabalho.

-Precisamos organizar a economia da cultura negra, porque?
WM- Hoje em dia a necessidade de organizarmos a economia em todos os setores é fundamental para que possamos ter visibilidade e assim vendermos tanto nossos produtos, quanto nossas ideias e não somente de forma local, mas que possam ser repassadas as locais de grande visibilidade. Assim também a cultura negra vai se desenvolvendo e organizando-se toda a cadeia, isso sim possa fazer com que os grandes responsáveis pela formação de opinião deem mais atenção à nossa grande qualidade criativa e não somente sirvamos para reproduzir o que eles querem que seja consumido. Temos sim hoje em dia um grande mercado consumidor, que pode a cada dia desenvolver-se a partir de nossas próprias perspectivas de transformação e capacitação de indivíduos com crescente potencial de criatividade.



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