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Mostra valoriza o papel da mulher negra no mundo da moda



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Mostra valoriza o papel da mulher negra no mundo da moda
Idealizadora da mostra e a representante do Abayomi Ateliê, um dos que expõe, fala com exclusividade com o Cor & Estilo das expectativas e desafios do evento.
Dia 9 de agosto acontece em São Paulo a primeira Mostra de Criadoras em Moda: Mulheres Afro-latinas vai apresentar novidades na moda afro e reforçar a identidade da mulher negra e sua legitimação no mundo da moda.  Em entrevista ao site Cor & Estilo, a idealizadora do evento, Barbara Esmenia, trata-se do empoderamento, de colocar-se e ocupar os espaços tão bem utilizados – em sua grande maioria – pelos canais de padronização e pensamento hegemônico.
“Conversei com algumas estudantes de moda e, como já desconfiava, os estudos se centralizam na produção europeia, num mercado (veja aí, o nome já diz) de consumo irrefreado e ilusões: a bela é a branca, magra, alta, pelos raspados, cabelos lisos. As roupas são as chamadas grandes marca o vestir-se totalmente antagônico às nossas raízes indígenas, latino-americanas e africanas. Algumas estudantes me disseram que, quando trazida à tona a moda afro, é sempre o fetiche, o raso, a zebra, o tigre, o exótico. Mas será isso mesmo?”, questiona Barbara.
Para ela a grande sacada do evento é trazer mulheres negras com o que lhes compete à suas belezas, com seus cabelos naturais, seus corpos distintos ao padrão branco, as cores, os estilos. “O mais efetivo para mim nisso tudo é ser referência, ter ali no público uma garotinha assistindo ao desfile e observar que ela pode ser diferente, que seu cabelo é lindo, não precisa passar por processos de massacre – são muitos os massacres sofridos por nós, mulheres, e ao se tratar de mulheres negras isso eleva grandemente -, descobrir suas belezas. Ver jovens e senhoras, todas as idades se reconhecerem, se sentirem belas, se fortalecerem enquanto mulheres”.
De acordo com Marisa Souza representante do Abayomi Ateliê no desfile, que também falou com o Cor & Estilo, a iniciativa é importante, pois estimula a participação da mulher negra no cenário da moda. “A periferia luta pela inclusão, desde tempos remotos. Nossa geração veio para revolucionar. É uma geração de ação, geração que põe a mão na massa e faz acontecer, de maneira independente. A oportunidade vinda de uma instituição como o Sesc possibilita que esse trabalho seja visto e, consequentemente, engrandece-o, ou seja, crescemos profissionalmente dentro do cenário”, afirma.
Mariza afirma ainda que iniciativa vem agregada à oportunidade da mulher mostrar seu trabalho e a apresentar a especificidade da moda afro. “A arte com tecido compõe e abrange inúmeras técnicas, desde a modelagem desenvolvida, o corte, o artesanato, ate a finalização da peça. Estilos diferentes, e criações que renovam-se continuamente são as características do nosso trabalho”.
Essas e outras conquistas da mulher negra e de sua moda tem sido fundamentais para a inserção e valorização da mulher negra no mercado de trabalho, o que tem proporcionado. Isso é “reflexo da própria mulher, e sua personalidade forte, grupos de coletivos que não aceitaram e não aceitam o que nos foi imposto no passado, infelizmente, por alguns pais e mães alimentados. Mas nossa inovação de pensamentos e luta pela igualdade despertou um crescimento em todo o cenário, não só na moda, mas na música, na arte de rua, etc. Hoje a periferia não quer ser tachada de coitada, muito pelo contrário, e, com isso seremos referência para as próximas gerações, finaliza Mariza.

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